quarta-feira, 28 de abril de 2010

Aleluia Gretchem - 1976

A saga de uma família de imigrantes alemães que, fugindo ao nazismo, vem se radicar numa cidade do Sul do Brasil, por volta de 1937. Às vésperas e durante a II Guerra Mundial, membros da família se envolvem com a Quinta Coluna (espionagem nazista no Brasil) e o Integralismo. Na década de cinqüenta, graças a ligações perigosas com o rescaldo da guerra, os Kranz são visitados por ex-oficiais da SS em trânsito para o Cone Sul.

Ficha de Informações do Filme

Título: Aleluia Gretchen
Duração: 118 min e 0 seg.
Ano: 1976
Cidade: UF(s): PR e SC País: Brasil
Gênero: Ficção
Subgênero:
Cor: Colorido

Ficha Técnica

Direção: Sylvio Back
Roteiro: Sylvio Back, Manoel Carlos Karam e Oscar Milton Volpini
Elenco: Miriam Pires, Carlos Vereza, Lílian Lemmertz, Sérgio Hingst, Kate Hansen, Selma Egrei, José Maria Santos, Maurício Távora, Narciso Assumpção, Lala Schneider, Sale Wolokita, Lauro Hanke, Edson D’Ávila, Joel de Oliveira, Rafael Pacheco, Abílio Mota e Lorival Gipiela.
Empresa(s) Co-produtora(s): Silvio Back Produções Cinematográficas, e Empresa Brasileira de Filmes S/A - Embrafilme
Produção Executiva: Sylvio Back
Direção de Produção: Plínio Garcia Sanchez
Direção Fotografia: José Medeiros
Fotografia de Cena: Não
Montagem/Edição: Inácio Araújo
Direção de Arte: Ronaldo Rego Leão
Cenografia: Marcos Carrilho
Figurino: Luiz Afonso Burigo
Edição Som: Inácio Araújo
Mixagem: Julio Perez Cabalar
Trilha Musical: Não
Trilha Original: Não

Dados Técnicos

Suporte de Captação:
Informação não disponível
Suporte de Projeção: Informação não disponível
Janela de projeção de película: Informação não disponível
Janela de projeção de vídeo: Informação não disponível
Produto Final do Telecine: Informação não disponívele
Disponível nos Suportes: Vídeo (DVD)

Som: Sonoro
Stereo

Classificação Indicativa: 16 anos

Currículo do filme

Festivais: Seleção oficial dos festivais de Brasília e Gramado/1976,
Berlim e Mannheim (Alemanha)/1977
e Chicago (EUA)/1977


Prêmios: "Melhor diretor": Sylvio Back ("Air France")
"Melhor diretor": Sylvio Back ("Golfinho de Ouro")
"Melhor argumento": Sylvio Back
("Governador de São Paulo")
"Melhor roteiro": Sylvio Back, Manoel Carlos Karam, Oscar Milton Volpini
(Associação Paulista dos Críticos de Arte - APCA)
"Melhor atriz": Miriam Pires ("Air France")
"Melhor atriz": Miriam Pires
("Coruja de Ouro")
"Melhor ator": Sérgio Hingst (APCA)
"Melhor fotografia": José Medeiros
(“Coruja de Ouro”)
Melhor fotografia: José Medeiros
(Festival de Gramado)
"Melhor fotografia": José Medeiros
("Governador de São Paulo")
"Melhor figurino": Luis Afonso Burigo
(“Coruja de Ouro”)
"Melhor cenografia": Ronaldo Leão Rego/
Marcos Carrilho (APCA)
"Melhor cenografia": Ronaldo Leão Rego/
Marcos Carrilho ("Governador de São Paulo")
"Melhor ator coadjuvante": José Maria Santos
(Festival de Gramado)
Prêmio Qualidade da Embrafilme

Crítica

O nazismo sob um olhar familiar e intimista
Marcelo Miranda
A principal característica de "Aleluia, Gretchen" é sua objetividade diante de um contexto histórico delicado e bastante controverso. Narrado como épico familiar, com a ação transcorrendo dos anos 1930 até a década de 1970, este filme de Sylvio Back aponta as lentes para uma família alemã fugida para o Brasil. Por aqui, o clã monta um hotel, local por onde circulará todo tipo de gente e servirá de reduto para artimanhas ligadas à prática do nazismo. Neste caminho, Back incorre no risco ou de glamourizar as ações da família ou condená-las de imediato.
O cineasta não se permite cometer quaisquer desses erros. Numa linguagem que prima pela secura e frieza na forma como capta cada personagem, Back evita juízos de valor. Interessa-lhe registrar o dia-a-dia daquelas pessoas e fazer do espectador testemunha do desenvolvimento de cada relação exposta. É por isso que cenas perturbadoras, como a ceia de Natal sob a bandeira com a suástica estendida na parede ou o treinamento do garoto na juventude hitlerista, soam quase naturais aos olhos de quem assiste ao filme – não porque tais atitudes devam, de fato, serem consideradas naturais, e sim porque Back as filma de dentro, respeitando seus protagonistas, estes seres que, num pensamento típico dos respectivos contextos onde se encontram, acreditavam defender a causa certa.
Ainda que evite julgamentos, Back faz de "Aleluia, Gretchen" uma pequena amostra da forma torta como a política nazista poderia influir em vários detalhes de um núcleo específico de pessoas. Cada membro da família em questão parece resumir em si elementos facilmente identificáveis do caráter fascista – a busca pela pureza da raça, a não-aceitação de vozes dissidentes, a opressão e a convicção em ideais focados quase exclusivamente numa chave unilateral e inequívoca. Nisso entra o ser estranho, o viajante interpretado por Carlos Vereza, que serve de exemplo do intruso inserido num universo ao qual ele parece não se adaptar – o que lhe causará problemas, evidentemente.
Ao fim, vemos a celebração de todos ao som do brasileiríssimo samba, entremeado por trechos da "Cavalgada das Valquírias", de Wagner – numa jogada esperta e simbólica, Sylvio Back nos faz ouvir, desde a abertura e em vários momentos do filme, a composição mais famosa do compositor alemão, adotado pelo nazismo como exemplo intelectual do anti-semitismo. A imagem no desfecho é de pura felicidade e esplendor. Só que o corpo franzido e cabisbaixo de Carlos Vereza, sofrido após uma série de torturas, mostra o quanto enganadora é toda aquela catarse. Back fala pela imagem o que o filme evita ecoar por palavras: em políticas de caráter tão extremo, a humanidade é sacrificada, mas jamais deixa de existir, ainda que em seu estado mais melancólico.